quinta-feira, 25 de março de 2010

Mar!!

Algumas vezes me foi concedido banhar-me no mar.
Encontrei recifes de corais que me cortaram os pés.
Encontrei mar calmo e ressacas turbulentas.
Mas do mar sempre obtive o que de mais belo há pra ser mostrado.
Quando estive em mares remotos, em uma canoa sem remos, a correnteza sempre me levou à terra firme, para que pudesse voltar a contemplar o mar com reverência, aguardando o momento de voltar às suas águas.
E como quem é do mar não enjoa, durmo em mar aberto, sem preocupação.
Quando um belo dia, acordo e não mais existe Mar, ele secou. Nem a areia da praia me é concedido pisar mais.
A brisa não toca mais meu rosto me trazendo o cheirinho de mar.
E em pleno deserto árido de minh'alma, espero, paciente, pela benevolência de Iemanjá.

Prisão!!

O que me prende?
Se não tenho amarras nos pés, nem grilhões nos punhos?
O que me prende?
Falsas promessas, falsas perspectivas, falsa estabilidade?
E me questiono mais uma vez: o que me prende?
Criamos para nós mesmos muros de Berlim, muros de contenção, para garantir o que?
Que não sejamos livres do trabalho, da família, dos amigos?
Mas o trabalho não serve para garantir a farsa?
A família não possuiria laços indeléveis?
E os amigos, para garantir esta alcunha, não deveriam ser maiores que a distância? Não deveriam transpor o tempo?
Mais uma vez: o que me prende, então?
O medo do desconhecido?
Mas tudo que vivemos não era desconhecido para nossa própria experiência?
O que nos prende?
Os bens que adquirimos exatamente para garantir o exercício da liberdade não fazem  hoje o papel de uma prisão?
A frase: "Eu não posso!", não seria uma corrente para a mente?
E se não mais a pronunciar, não teria mais efeito?
A inexistência de borracha para apagar o lápis o torna definitivo como a tinta?

sexta-feira, 5 de março de 2010

A Malversada Felicidade

Falácias e Sutilezas à parte,
chego quase a acreditar
na malversada felicidade.


Após análise pormenorizada,
concluo com profícua incerteza
que o assunto é insubstanciável.

terça-feira, 2 de março de 2010

Política

O país nesse caos,
meu povo mergulhado na merda,
não tem forças nem pra respirar.
Só se permite sobreviver
com as migalhas que não são 
guardadas nem para os porcos,
achando que tem demais.


E a ilusão da felicidade 
que é vendida pela novela das oito,
não dura nem até o comercial.
Enquanto os reclames do plin-plin
nos empurram goela abaixo enlatados vencidos 
como segurança, saúde, educação.
Na verdadeira capital do crime,
estão vendendo nosso futuro.