sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Confissões

Achei que já o tinha vivido na vida,
passei um tempo o procurando com afinco,
um tempo esperando de forma determinada
cheguei a negá-lo com veemência


Acreditei já ter esgotado minha quota,
que já não tinha mais autorização para vivê-lo,
pois já o tinha vivido bastante,
e como não o havia respeitado
não me cabia mais parte dele.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ascensão!!

Ascendi com avidez. A descida demonstrou-se um suplício.
Os momentos de torpor só me atingem por ínfimos momentos
comparados com a eternidade dos instantes de angústia.


Esta, me acompanha na decida.
Ao recobrar a consciência
percebo que EU não mais existo.


Só o que restam são traços do outro.
Ele nunca me deixou.
Estava latente, se esgueirando,
esperando o momento certo para deixar de ser o Outro
e assumir o controle total de mim.


Relutante, acato seus desígnios.


(29.nov.09)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Não ligo

"Já não ligo mais
se é claro ou frio
se é vermelho ou confuso."

APÊNDICES

Há pessoas que são apêndices...
dependem das decisões que os outros tomam
colocam sua vida sob a responsabilidade dos outros
vivem sem ter vontade própria.


E há pessoas que só conseguem ter apêndices
não se permitem viver uma história
só permitem apêndices em sua vida
vivem sob a desculpa que só colhem o que tem de bom nos outros
vivem uma fantasia.


Não somos só bons, tampouco só ruins
ai é onde paira a grande eloquência da vida
tudo faz parte de uma coisa só
essas pessoas vivem uma farsa que chamam de vida.


Juan de Ravague (18 nov 09)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Saudade


Já sinto falta do teu cheiro, do teu sorriso, do calor do teu corpo, e o sono que paulatinamente abandona meu corpo, dá lugar a um sentimento de dormência necessário para que eu consiga assimilar a dor da tua ausência.


Falta-me a coragem para adentrar ao quarto, outrora lugar de tanta felicidade, onde me tornei o mais completo dos homens, agora um antro da saudade, que arde em meu peito, parecendo devorar-me de dentro para fora. 


E esta inquilina indesejada de meu corpo, sentimento por demais contraditório, vil e sublime ao mesmo instante, diz-me que não o abandonará, argumentando que é vizinha permanente do Amor, e que eu teria de expulsar aos dois.


Relutante, acato seu argumento e a aceito como eterna habitante de meu ser.

(2004)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O OUTRO

O vazio voltou, persistente, mais forte.
Agora já não é mais UM vazio, tornou-se O vazio.
Consumino tudo ao redor, como um buraco negro.
O vazio me devora por dentro, acabando com tudo que há.
Deixando só a ausência.
Ausência de sentimentos, de sensações, de esperanças.
E depois que ele opera, não há mais voltas,
não há mais como voltar a ser aquele.
Só restou o ser de gelo, o OUTRO.


(04 nov 09)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A TI Ó DÉSPOTA DE MIM!!

"Hoje, eu abaixo a cabeca pra ti,
hoje, eu aceito a tua sobrepujança
hoje, eu admito o teu domínio.


Mas não te acostumes ó vil,
teu domínio é temporário
tem data marcada.


Não esperas mas logo surgirá o levante
aquele adormecido se revelará
e o teu domínio cairá."


(30 out 09)

sábado, 13 de junho de 2009

Desabafo

Acho que às vezes só gostaria de alguém com quem pudesse ser eu mesmo de novo. Retirar todas as máscaras, ser o palhaço, o idiota, o porto seguro... Não me preocupar em ter pudores quando ajo, se estou machucando ou não, se posso falar algo, se aquilo que falo vai machucar ou não, isso deveria ser natural.

Não quero mais me sentir magoando as pessoas, me sentir tendo que me podar nas relações com as pessoas. Porque nossa sociedade é tão artificial? Tão estúpida, hipócrita, superficial.

Reclamam que devemos ser honestos, quando o somos, reclamam que somos diretos demais. A sensação é de que as pessoas pedem para serem enganadas, não estão preparadas para a verdade, gostam de viver na mentira, na enganação, com relações fúteis.

Estou cansado de não mais viver. Sinto-me como se estivesse séquito por viver outra vida. Uma na qual eu seria “alguém”. Talvez seja um clichê, mas também não seria um clichê quando me digo que nós fazemos o que queremos ser? O maior de todos os clichês?

Será que realmente temos esse nível de controle? Acredito realmente que não, mas com certeza nossas vidas são uma soma de experiências, e se continuar assim, só posso concluir que a soma de nada, é NADA.

Tenho que procurar adicionar ao menos alguma coisa, para que quando chegar ao final, essas poucas coisas, possam restar em ao menos ALGO.

Essas fugas que me imponho, essa vida frívola, é uma fuga de que? Do medo que tenho de viver aquilo que realmente gostaria? Se tomar as rédeas da minha vida em minha mão, e no final não tiver valido à pena? Se eu guiá-la para um abismo?

Eu não sou bom com coisas, com planos. Sou bom com pessoas, amigos. Mas porque a aparente habilidade que tenho com pessoas não me permite a parcimônia necessária para administrar meu ímpeto?

Quanto mais me permito tentar ser uma pessoa melhor, observar as pessoas para que consiga a calma no agir, mais vejo o que não gosto nas pessoas, e isso me afasta delas. Acabo me trancando nesse casulo que está minha vida.



06-junho-09 - 10h