sábado, 18 de dezembro de 2010

Suficiente

Se eu tivesse que voltar, faria tudo novamente.
Mas dessa vez não deixaria tudo queimar em cinzas rasas.
Essa chama, não quero mais em meu peito,
mas ela ainda causa seus estragos.
Foi desse jeito que você planejou tudo?
Como uma grande desculpara pra se esconder no final.
Agora eu finalmente percebo,
que tudo não passou de mentiras.
Você mentiu do início ao fim.
Mentiu pra todos, principalmente pra si mesma.
Se boicotando todo momento.
E acabou me levando junto na sua rede de mentiras.
E agora? Tudo que restou em mim não se sustenta mais.
Eu já não me sou suficiente.

Controle

Olho minha imagem refletida no espelho,
não me reconheço,
vejo o Outro.
A imagem no espelho fala comigo,
mas não sinto minha boca se mexer.
Vocês se enganam se acham que ele sou eu.
Não!
Sempre que virem
estas parcas linhas sobrepostas no papel,
saibam com absoluta certeza
que de mim não há traços.
Ele já assumiu o controle,
de minhas mãos, minha vontade, meu espírito.
Eu padeço sob seu corpo.

Atração Solitária

A quem eu quero enganar?
Não! Eu não aguento!
É um fardo pesado demais,
após o que vivi, a paz que experimentei.
Mesmo o tendo carregado por tanto tempo,
não possuo mais forças para erguê-lo.

Falta

Sinto falta. Ainda há um vazio. As vezes sinto falta...
Falta do que nós éramos, da pessoa que eu era com ela.
De cuidar de alguém. De ter esperanças de construir uma vida.
Sinto como se isso tivesse sido ceifado de mim.
Essa indiferença que sinto, essa pessoa impenetrável, esse ser de gelo, não sou eu.

As várias tentativas foram em vão.
Dizem para dar tempo ao tempo,
mas sinto, lá no fundo, que essa parte de mim morreu,
e não há tempo no mundo que cure essa ferida aberta.

Mil Passados

Olho pro lados, e não encontro nada.
Olho novamente, meio que esperando que algo aconteça
como se existisse algo que pudesse me arrancar desse marasmo
Como se algo fosse invadir minha vida pela porta da frente.

Olho pro telefone e seu toque mudo me incomoda.
Olho pra minha vida,
e só obtenho aquilo que já sei,
Mil passados e nenhum futuro.

Domínio

Não, não posso mais esperar
Já me perdi demais
Já não me encontro há tempos
E não há mais tempo para desperdícios
Tempo para buscar aquilo que sei que está perdido
De agora em diante, serei só ele, e ele será um só.

Momentos

Já vivi anos, décadas.
Já vivi o que para muitos foi uma vida.
Mas o que consegui no final foram somente momentos.
O que é o tempo senão um emaranhado de momentos que valem à pena?
E eles podem valer mais que muitos anos.
Instantes que, para os incrédulos, são muito pouco,
mas são o suficiente para aqueles que os viveram.
Contamos nossa vidas em anos, décadas,
mas são os momentos que realmente importam.

Sede!

O que me resta?
Somente aquilo que sempre soube: Solidão!
Solidão como resumo de tudo.
Solidão permeada por momentos de não-solidão.
Mas no final, somente ela, limpa, clara, serena, perene.
Devo finalmente aprender a conviver com ela.

E o que faço com a sede que sinto?
Com o vazio em meu ser?
Com a ausência de mim mesmo?

Ausência

Pensamento em você,
parece que ainda está aqui.
Fecho os olhos,
e é como se nunca tivéssemos deixado de ser um só.
Teu corpo ainda pulsante colado ao meu.
Nossos corpos entrelaçados.
Teu cheiro exalando por todo o quarto.
Tua respiração ofegante em meu ouvido.
Abro os olhos e percebo que continuo só,
e ainda sinto a tua falta.

Dias de Solidão

Hoje é dia de solidão.

É como se tudo me empurrasse pra ela.
Minha vida, minhas escolhas,
e no fundo, sinto que é como se eu precisasse ser só,
como se eu quisesse ser sozinho.

Alguém pode dizer que me vê sempre entre amigos.
Mas quando penso em mim, vejo alguém só, adepto à solidão.
Ou ao menos acostumado a ela.
Mesmo quando estou rodeado de pessoas, sinto-me só.

Como se meu aparente sorriso,
fosse o disfarce perfeito para esconder
o pranto de sangue de meu coração.