quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Campo de Batalha!


Não desista! Você tem que ter paciência!
Querem que eu lute, que eu permaneça em pé
Sou um guerreiro, 
e como tal não cairei enquanto não me liquidarem.

Ninguém me viu rastejar, 
ninguém me viu abaixar a cabeça.
Mas preciso de armas pra lutar,
preciso de estratégia, preciso de perspectivas.

Me ceifaram tudo e me pedem pra ser forte.
Me cortam os pés e pedem pra que não pare.
Me rasgam a face e pedem para manter a cabeça erguida.
Me cegam os olhos e pedem para que siga em frente.

Enquanto havia guerra, eu não me ausentei.
Enquanto uma direção me era apontada,
segui, na frente da tropa, sem olhar pra trás.

Mas agora não há mais direções, todos foram embora
Estou só e continuo no campo de batalha,
Ao meu lado só os corpos mutilados e o cheiro de sangue,
Estou ferido, sem armas, cego e sem general.

Combalido

Minhas convicções políticas são inquebráveis, minha crença na humanidade é persistente, minha esperança social sem precedentes.

Certa vez alguém me disse que era o único que ela via lutar realmente pelos outros, e não por interesses pessoais escondidos. Que acreditava que meus sonhos podiam se tornar reais.

Mas agora eles atacaram meu corpo. Estes problemas que afligem minha carcaça, deixam-na combalida, frágil, enquanto meu espírito tende a permanecer forte, guerreiro.

Mas como lutar contra algo invisível, que não aparece, que não há palavra amiga que a tombe?

Minhas forças contra este inimigo se esvaem, a visão já encontra-se turva. Já não mais enxergo as coisas com clareza.

Tento pensar em coisas boas, fico me repetindo palavras, pensamentos, como se isso me fizesse acreditar. Meus olhos não vêem o que minh'alma sente.

Isso tudo começa a afetar minha fé. Não minha fé política, social, espiritual, mas a principal fé: em mim mesmo.
Quando me observo, sei que algo dentro de mim quebrou, e que não há processos que possam restaurar.